Como no restaurante Francês Dans le Noir, onde os clientes se sentam no escuro e são servidos por garçons cegos a Confraria Evoé de Ribeirão Preto recebeu a Professora Marlene Taveira Cintra, deficiente visual, para vivenciar a experiência de que “o essencial é invisível aos olhos”.
Entrada, prato principal e sobremesa, foram preparados com muito carinho pela Chef de Cozinha Maria Cláudia Magioni Cávoli.
Veja o relato das experiências vividas:
“Provar o alimento como se nunca tivessem comido antes. Elas acham que conhecem a comida, mas é muito mais prazeroso entender o gosto e os cheiros quando você não tem luz”.
“As pessoas questionaram como uma pessoa que não enxerga realiza sua rotina diária, que para nós trata-se de algo tão simples, como comer, vestir-se, andar, escolher a própria roupa e acessórios.”
“No início, quando as pessoas colocaram as vendas nos olhos elas quase não conversavam emudeceram completamente, mas à medida que elas foram familiarizando com a cegueira isso foi se transformado, criando um clima de vivência muito agradável que acabou sendo uma noite muito especial para todas que lá estavam.”
“Para mim, esta foi uma experiência também singular, pois há anos acalento o sonho de termos no Brasil especialmente em Ribeirão Preto um restaurante onde as pessoas pudessem degustar bebidas e comidas e efetuar o pagamento de olhos vendados, sei que isso faz toda a diferença para as pessoas que enxergam para perceber a vida de outra forma.” Prof.ª Marlene T. Cintra
“Integrante do grupo, diante da dificuldade, resolveu abandonar todos os talheres e usar as mãos. Acabei usando a colher na entrada, sem perceber, achei que era um garfo.”
Nós também refletimos como deve ser a vida para alguém que perdeu a visão, esse questionamento que você sente depois de ter jantado com a Marlene é o motivo pelo qual a Confraria abriu esse espaço, assim vivenciamos na prática, como lidar com a dificuldade, que muitas vezes só enxergamos no outro.
“Um pouco de sofrimento, às vezes, pode nos guiar na direção certa”.
E o que podemos fazer para contribuir com esse público, pois “No escuro, nós todos somos iguais”.
“Estou muito agradecida por essa oportunidade que a mim foi concebida e eu tenho muita esperança que algum espaço ligado à gastronomia venha nos convidar para que outras pessoas possam vivenciar essa experiência”. Prof.ª Marlene T. Cintra.